sábado, 5 de setembro de 2009

MOBILITEC: Uma empresa de sucesso ligada á ortopedia e ajudas tecnicas

Da curta situação de desemprego, Manuel Ribeiro e Helena Vitorino, marido e mulher, extraíram a determinação para correr riscos.
Empenhando o que tinham e recorrendo às Iniciativas Locais de Emprego (ILE) do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), conseguiram projectar algo de inovador num ramo que lhes era familiar, o da ortopedia e do apoio técnico a pessoas com deficiências. Hoje, a Mobilitec, na Maia, emprega 22 pessoas, está prestes a inaugurar instalações em Lisboa e traça metas ambiciosas para continuar a crescer.
Manuel Ribeiro, ao contar a própria história, recua à infância e à juventude - "nunca fui muito de andar atrás dos livros" -, mas é já em plena idade adulta que se dá o momento de viragem. A situação de desemprego, decorrente de uma ruptura familiar muito conflituosa. Tanto ele como a esposa trabalhavam numa empresa dedicada ao fabrico de canadianas. Uma empresa em que Manuel começara a trabalhar, quando estudava à noite, e que acabou por comprar ao anterior proprietário, de parceria com o pai, a um preço simbólico. Em 2001, divergências na área da gestão não foram ultrapassadas, e o casal saiu, numa situação formal de despedimento, decidido a montar o próprio negócio, assente em parâmetros de qualidade e seguindo o exemplo do que era feito em países europeus mais desenvolvidos.
Em verdade se diga que esta não é a história de alguém que, inesperadamente, se viu no desemprego, renascendo depois das cinzas. Mas é, claramente, um caso de sucesso vivido por alguém que deixou a estabilidade para arriscar tudo. A indemnização que receberam pela saída da anterior firma foi totalmente aplicada no arranque do novo negócio, a par do recurso às ILE, que permitiu um financiamento a fundo perdido de 40% do investimento inicial.
"Como estávamos numa fábrica, conhecíamos cerca de 700 ortopedias, em Portugal, e queríamos criar a diferença", conta, explicando que, além do financiamento, a grande vantagem do recurso ao IEFP foi a obrigatoriedade de criar um projecto extremamente cuidado, com metas de crescimento traçadas para um prazo de cinco anos e com a obrigação permanente de prestar contas. Para tal, asseguraram a colaboração de um economista, mas Manuel Ribeiro diz que não foram tempos fáceis: "Isto tirou-me muitas noites de sono".
Agora, finda que está essa ligação, sentem a necessidade de traçar novos objectivos, recusando a ideia de descansar à sombra do sucesso alcançado, pelo que assumiram novos compromissos com outra instituição pública, desta feita o IAPMEI.
Mas que fizeram, no primeiro momento, para marcar a diferença? "Fomos à lei que há em Portugal para as ajudas técnicas a deficientes e fomos pô-la em prática", explica Helena Vitorino, notando que, no papel, não devemos nada aos restantes países europeus, embora a aplicação prática da lei esbarre, frequentemente, em entraves burocráticos de toda a ordem. Daí que esta empresa aposte no acompanhamento total do cliente, não apenas no que respeita à avaliação de cada caso em função das necessidades das pessoas, mas também através da intervenção de uma assistente social, que ali trabalha em permanência e consegue orientar a obtenção do financiamento que lhes é assegurado pelo Estado.
"Estamos no sétimo ano de vida. Quando chegarmos ao oitavo, tempos de estar noutro patamar", explica Manuel Ribeiro, que quer um crescimento anual de 40%: "Continuamos na corda bamba: à frente, mas sempre a arriscar".

Fonte: http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1353344