Existem há muitos anos. Estão recheados de história. Guarany, Christina, Ceuta, Piolho e Majestic são cafés da Baixa da cidade do Porto que sobreviveram às guerras mundiais, ao regime salazarista... Todos ainda estão abertos ao público. Se chegou agora de férias, conheça os segredos dos locais que poderão fazer parte da sua rotina.
- Em frente ao Mercado do Bolhão localiza-se um dos mais antigos cafés da cidade Invicta. Surgiu em 1804, pela mão do comerciante José Iria Carvalhal, com o fabrico de chocolates e torrefacção de café, na extinta Rua do Bispo. O nome surge apenas em 1913, quando José Carvalhal se casa com D. Christina Ribeiro e, por questões ligadas ao coração, transfere o nome da sua amada para o nome do estabelecimento. Após falecimentos dos dois, a casa é transmitida a Rosa Guilhermina de Carvalho, que a tornou um dos mais prestigiados espaços do Porto.
Em 1920, durante o esplendor da 'Belle Époque', são adquiridos novos equipamentos de torrefacção de café, sendo a casa transferida para a Rua Sá da Bandeira, onde ainda hoje funciona, pertencendo à Nestlé Portugal, desde 1987.
"Ao passar pela rua é normal sentir o cheiro do café", confessa o actual proprietário, António Soares, que fala orgulhosamente do seu espaço que, em 2004, comemorou o bicentenário. Este ano foi completamente renovado - Localizado numa das artérias mais movimentadas do Porto, a Avenida dos Aliados, o café Guaranay dispensa apresentações. Fundado em 1933 e conhecido como o 'café dos músicos', caracteriza-se por ter um ambiente requintado, conjugando tradição com qualidade.
O seu nome advém de uma tribo de índios, os Guarany, que constituiam a maior nação do século XVII, no Brasil. As pinturas "Senhores da Amazónia", de Graça Morais, são uma das marcas do espaço, ocupando uma das paredes do salão.
Visitado diariamente por muitos turistas, o Guarany cativa o público com os seus serões de música, principalmente de fado e bossa nova. - No centro histórico da cidade localiza-se o café Piolho, assim apelidado pelos estudantes. Nasceu em 1909 baptizado como Café Âncora D'ouro, sendo desde sempre um dos locais preferidos dos estudantes universitários para "tomar um copo" antes de partirem para os bares ou discotecas da noite portuense.
Proprietário desde 1979, Edgar Gonçalves conta que ninguém conheçe o seu estabelecimento pelo nome verdadeiro. "Se nos Aliados perguntarem onde é o Âncora D´ouro, ninguém conhece. Mas se por acaso falarem em Piolho, todos sabem onde é".
O mesmo café que em 2009 comemora 100 anos, pertenceu durante muito anos à família dos Reis Lima, passando de geração em geração.
Uma das características mais interessantes são as paredes interiores, que se encontram repletas de lápides, compostas por frases de jovens estudantes, em homenagem ao Piolho. - Mandado construir por Ferreira dos Santos, em 1953, o café Ceuta, situado numa rua com o mesmo nome, foi durante muitos anos local de ponto de encontro de amigos. Ministros, deputados e alguns dos membros da famíla Sá Carneiro frequentaram o Ceuta, que, "há alguns anos por esta altura, estava completamente cheio. Hoje nem por isso, o que é uma pena...", lembra Caciano Mota, o dono do estabelecimento, com 75 anos.
A decoração, totalmente alusiva à conquista de Ceuta, é uma das particularidades. "Quando vim para aqui, neste local estavam figuras mitológicas, que retratavam as quatro estações, mas não as consegui conservar...", conta desanimado. Acrescenta que "tinha clientes tão assíduos, que, quando não vinham, ligavam a pedir desculpa". - Da autoria do arquitécto João Queirós, o luxuoso e requintado café Elite, que mais tarde passou a designar-se Majestic, surgiu a 1 7 de Dezembro 1921. Localizado numa das ruas com maior movimentação a nível de comércio, a Rua de Santa Catarina, o espaço não necessita de apresentações... A história do Porto dos anos 20, das tertúlias políticas, dos debates de ideias, dos escritores e artistas está presente neste café histórico. Visitado sobretudo por turistas, o aristocrático Majestic é um dos pontos de passagem obrigatórios da cidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário